Ao entrarmos no último mês de 2025, a economia mundial apresenta um quadro que os analistas vêm chamando de “resiliência tênue”. Após um ano marcado pelo retorno de políticas protecionistas agressivas e pela consolidação da Inteligência Artificial como motor produtivo, o “pouso suave” (soft landing) foi tecnicamente alcançado na maioria das economias avançadas, mas a sensação de estabilidade permanece frágil.
Se 2024 foi o ano do combate à inflação, 2025 se revelou o ano da fragmentação geoeconômica. Abaixo, analisamos os quatro pilares que definem o cenário econômico global neste encerramento de ano.
1. O Crescimento Divergente
O PIB global caminha para fechar 2025 com uma expansão próxima de 3,0% a 3,2%, um número resiliente, mas que esconde profundas disparidades regionais:
- Estados Unidos: A economia americana continua a desafiar a gravidade, projetando um crescimento próximo de 2% a 2,5%. O mercado de trabalho esfriou, mas não congelou, sustentado pelo boom de investimentos em infraestrutura tecnológica e IA.
- Zona do Euro: A Europa permanece o elo mais fraco entre os desenvolvidos, com crescimento anêmico ao redor de 1%. A Alemanha, em particular, luta para reinventar seu modelo industrial diante dos altos custos de energia e da concorrência chinesa.
- China: O gigante asiático confirma sua desaceleração estrutural, crescendo na faixa de 4,5%. O foco de Pequim mudou definitivamente da expansão imobiliária para a manufatura avançada, gerando tensões comerciais com o Ocidente devido ao excesso de capacidade exportadora.
2. Inflação e Juros: A “Última Milha” foi Percorrida?
A grande batalha contra a inflação parece ter sido vencida, mas a “paz” tem um custo elevado.
- Inflação: A inflação global (Core Inflation) estabilizou-se em torno de 3% a 3,4%, ainda ligeiramente acima das metas históricas de 2%. A desinflação de bens foi rápida, mas a inflação de serviços provou-se pegajosa.
- Bancos Centrais: O Federal Reserve (FED) e o Banco Central Europeu (BCE) passaram 2025 realizando cortes graduais de juros. No entanto, o “novo normal” das taxas é mais alto do que na década passada. O dinheiro barato acabou; o capital agora tem custo real, exigindo maior eficiência das empresas.
- Impacto: Isso criou pressões inflacionárias de custo (cost-push) e reduziu o volume do comércio global de bens.
- Vencedores e Perdedores: Países “conectores” como México, Vietnã e Índia continuam a se beneficiar do friend-shoring, atraindo fábricas que buscam evitar tarifas diretas.
